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sábado, 30 de junho de 2012

Ao entardecer


     James Pike, esse nome era muito conhecido em todo o território americano e até mesmo fora dele. Seus livros de suspense viraram best -seller, realmente eram muito bons.
James não era casado, não tinha filhos. Famoso solteirão americano, as meninas se matavam para tirar uma foto com ele... é ele tinha grana.
Escrevia suas obras de suspense/ação baseadas em sua própria imaginação. Em seu quarto, com uma luz indireta, foi onde escreveu seus dois livros mais famosos : “ Ao entardecer” e “ Ao cair da noite” , era uma saga, após o sucesso da publicação desses citados, Pike já estava escrevendo mais um, porém não achava um título adequado para o mesmo.
[…]
-911 no que posso ajudar?
- Meu Deus, eu estou na All Street e tem uma pessoa caída em cima de um taxi, acho que caiu de um prédio, eu não sei, meu Deus vem logo.
- Senhora fique calma, uma viatura já está sendo encaminhada para o local, enquanto isso permaneça na linha comigo ok?
- Ta.
- Ótimo, reconhece a vítima?
- Não, acho que não.
- Consegue dizer quantos anos e o sexo da vítima?
- É uma mulher, deve ter entre uns vinte à trinta anos, meu Deus vem logo!
- Senhora mantenha a calma, uma viatura já esta chegando aí! Consegue ver se ela está respirando?
- Não da pra saber, ela está em cima do capô do taxi, torta, acho que está morta! Minha nossa!
- Olhe para cima, da onde diz que ela pode ter caído, vê alguem na janela?
- Mas é claro, todos estão olhando la de cima agora. Os bombeiros chegaram, vou desligar.
- Ok senhora, obrigada por manter a calma, qualquer coisa adicional, nos avise.”
[…]

Apenas um dia comum, em uma cidade agitava e cheia de crimes, a perícia criminal sempre tinha casos cabeludos para resolver, mas dessa vez, recebeu mais um, e que realmente era bem estranho:
- Dra. Jessie, uma mulher, branca, sem identificação foi encontrada sobre o capô de um taxi, morta, o corpo dela já está na sessão de pesquisa com o Dr. Gray.
- Ok, aonde está o taxi?
- Creio que foi dispensado, ferro velho talvez?
- Está de brincadeira comigo né? Trata de trazer esse táxi pra cá agora, além do corpo é a única evidência da morte da garota, como pôde dispensar?
- Me desculpe... Jessie, Dra Jessie, eu vou trazê-lo agora!
- Ótimo, e torça para as evidências não estarem distorcidas!
….
- Dr. Gray, o que pode dizer sobre a morte da garota?
- Bom dia Dra. Jessie, bem a menina passou uma noite e tanto: Tem marcas aprofundadas no pulso, arriscaria algemas.. Dentes quebrados e caixa craniana em pedaços, arriscaria a queda de mais ou menos vinte metros.
- Hora da morte?
- De acordo com a temperatura do fígado, diria que morreu em torno das onze horas da noite de ontem.
- Ok obrigada doutor.
- Espere! O exame toxicológico não enfatizou nenhum tipo de droga ou droga ilícita, mas... achei uma coisa.. ao mínimo estranha. Adivinha?
- Doutor, não estou aqui para joguinhos, diga logo o que encontrou!
- Nossa, alguém acordou com muito mau humor hoje hein.. Mas enfim, durante a autópsia, vi que todos seu órgãos tinha uma coloração cotidiana, normal, porém mesmo com a cânfora que passei no nariz para não sentir cheiro, percebi que o estômago dela, estava com um cheiro.. que eu poderia reconhecer por toda a minha vida!
- Muffins?
- Engraçada você né?! Não, se lembra daquele caso, em que o homem negro foi morto, mas não achamos evidências de drogas no corpo, porém com o cheiro do estômago dele descobrimos que ele havia sido drogado com uma substância que não aparece no exame toxicológico?
- Han.. sim, e o que tem?
- Pois é exatamente o que aconteceu com a garota do taxi aqui.
- Ótimo Dr. Gray, vemos que ou ela ou o assassino conhecia muito bem sobre medicina.
- Ou drogas.. - risos.
- É, sim.. mas alguma coisa, ela sofreu abuso ou algo assim?
- Não, mas... eu percebi que pela grossura da marca no pulso, não são algemas comuns, e nem as dos policiais desse distrito.
- Ok, qualqur coisa adicional me avisa, obrigada doutor!
- Sem problemas.
Dr. Jessie agora tem o taxi em suas mãos, e começa olhando pelo capô, onde a garota foi encontrada. Procura por digitais, evidências do crime, qualquer coisa que ligue a garota à alguém ou apenas o nome da menina, não encontra nada, mas pensa em pegar as digitais da garota para achar seu nome, e a placa do carro para conversar como tal taxista.
Victoria Winslett, esse era o nome da menina, tinha vinte e três anos, trabalhava em uma escola primária, sem antecedentes criminais. Não parecia o tipo de garota que se envolve com drogas. O problema é que aqui não tem nenhum endereço nem dela, nem de nenhum familiar para que a doutora pudesse contactá- los... Portanto partiu para o estágio II , achar o dono do carro:
- Doutora Jessie?
- Fala Ramires, você de novo... Olha não encontrei nenhuma evidência no carro, espera que não tenha sido erro seu! .. E o que você quer?
- Te avisar de dua coisas. Primeiro, o capitão Luck quer o formulário completo da morte da garota pois vai publicar na imprensa para ver se conseguimos encontrar a família da vítima ou qualquer outra coisa, e segundo, o apartamento de onde ela caiu , era o único com vestígios de sangue na maçaneta, no caso, sangue da própria vítima, o apto. Está lacrado, quando a senhora quiser ir...
- Obrigada Ramires.
Jessie procurou pela placa no sistema criminal, e encontrou Diego Martinez, sem antecedentes criminais, trabalha em uma companhia de táxi à vinte anos, casado e mora na periferia da cidade. É de origem hispânica. A doutora foi na casa de Diego, fazer alguns questionamentos, enquanto mandou alguns peritos analisar o apartamento onde o sangue da vítima foi encontrado.
- Senhor Martinez, Policial Jessie Robbins da divisão pericial, abra por favor
- No que posso ajudá-la senhora?
- Qual o seu nome?
- Maria Rosa Martinez, o que quer com o meu marido?
- Ele se encontra?
- Sim...
[…]
A detetive Robbins conversou com Diego Martinez e percebendo que ele não tinha nenhuma ligação com o caso, o dispensou.
Após passados duas semanas, o caso esfria, a detetive Jessie já pensa em arquivar o caso, sem provas, sem evidências sem assassino, realmente não tinha o que fazer.
- Dra Jessie Robbins?
- Olá Capitão Luck, no que posso ajudá- lo?
- Acho que vamos reabrir o seu caso! Publiquei na imprensa todo o caso da Victória, e adivinha, um homem chamado James Pike veio até aqui conversar comigo e...
- Espere! Disse James Pike? Esse nome não me é estranho... meu Deus juro que já ouvi..
- Claro que já ouviu, é o maior escritor de suspense/ação que temos neste país!
- E o que ele tinha a dizer sobre esse caso? Ah já sei, pediu o formulário pra fazer uma história baseada nesse caso?
- Quase isso, o fato é que esse caso já existe na história dele, e quando publicamos na imprensa ele percebeu que a morte da garota foi exatamente igual a como ele escreveu no livro dele!
- Ai caramba! Acha que estamos lidando com um serial killer?
- Se você ler o livro, vai torcer muito para o “ assassino” não estar se baseando nele.
[…]
Após investigar novamente a morte da Victória, conseguiram chegar até um suspeito: O namorado da vítima, Bruce Daniels, com antecedentes criminais por porte ilegal de drogas e roubo. Um contraste e tanto com a ficha criminal limpinha da vítima. Após conseguir um mandado para vistoriar a residência de Bruce, encontraram uma algema que bateu com a descrição da usada na vítima. E mais, encontraram o DNA de Victória na algema, realmente, era aquela. E por fim, Bruce foi preso.
Ótimo, tinha tudo para ter sido mais um crime solucionado, mas se fosse assim, não seria como no livro.
[…]
Jéssie começou a ler o primeiro livro da saga de Pike, e percebeu a semelhança ( ou a total semelhança) com a investigação da Victória Winslett, mas também percebeu que no livro, o namorado da vítima havia sido preso, injustamente, a algema foi plantada na casa dele, para o incriminar. Agora a detetive Robbins realmente estava se sentindo confusa, pois ela tinha provas que acusavam Bruce, porém o livro estava em total semelhança com seu crime e nele o namorado da vítima era inocente. Ela não sabia o que fazer, então decidiu ler o resto do livro, para ver se encontrava uma saída.
Percebeu também, que em nenhum momento é mencionado o autor dos crimes no livro, e então resolve falar com o escritor, James Pike:
- James Pike? Aqui é a policial Jessie Robbins da divisão pericial do distrito, podemos conversar?
- Olá, mas é claro, no que eu puder ajudar...?
- Ótimo, eu andei lendo seu livro, para entender mais sobre o meu crime e.. percebi que no seu livro , o namorado da vítima era inocente e que a algema foi colocada lá pelo verdadeiro assassino.
- Sim, é exatamente isso.
- Então, também percebi que em nenhum momento você menciona o verdadeiro assassino, porquê?
- Qual é a graça de saber quem é o verdadeiro assassino sem estar no fim do livro?
- Está dizendo que no fim do livro tem o verdadeiro então?
- Não, estou dizendo que meu livro é como um enigma, vai ter que lê- lo para decifrá- lo!
Jessie já estava se irritando com Pike:
- Sabia que posso te indiciar por não colaborar com a investigação?
- E eu posso afirmar que você quer soltar o assassino da vítima apenas por ler meus livros, passar bem!
Pike desliga o telefone.
Jessie Robbins continua a ler o tal livro, ela realmente vê que Pike escreve muito bem, mas é interrompida por receber um chamado do seu chefe, Capitão Luck:
- Detetive Robbins, venha agora até a Chikkens Store, corre!
- A loja de frango frito? Isso é um encontro?
- A-G-O-R-A!
- Calma, estou indo.
Jessie veste sua jaqueta da divisão pericial, coloca seu distintivo e carrega sua arma, e se encaminha até o tal restaurante, chegando lá...
- Detetive Jessie, estamos no episódio II!
- Como é?
- Você leu o livro do James Pike?
- Estava lendo quando você me ligou!
- Chegou no capítulo II ?
- Han, não, mas o que tem a ver?
- Bem, eu li, e o crime de agora, novamente é igual ao do livro. Abrimos um inquérito especial, estamos dando prioridade para esse caso, todos os detetives da divisão e os policiais estão nesse caso, estamos lidando com um Serial Killer.
A detetive adentra ao restaurante, vê tudo intacto e não encontra nenhum corpo, volta então a falar com Luck:
- Capitão, não encontrei nada de anormal aqui?!
- Então vai ao beco aqui ao lado, onde é despejado o lixo do restaurante, e abra a lata de óleo usado.
Jessie não acreditava no que tava vendo, a criatividade do assassino era enorme, o corpo estava dentro da lata de óleo. Não encontrou nenhuma digital nenhum vestígio nada! E ela não sabia como ligar o primeiro crime com esse, pois não realmente não tinham nenhuma ligação.
O nome da vítima é Josh Spid, era um homem comum que trabalhava na Chikkens Store. As câmeras de vigilância foram desligadas portanto não se sabe quem entrou ali, e nem como.
A mulher volta para sua repartição, para falar com o legista Dr. Gray que já havia analisado o novo corpo:
- Mais um doutor... Achamos que o caso do Josh tem a ver com o da Victória, porque achamos que um serial killer está se baseando no livro de James Pike, mas não temos como conectar os dois casos.
- Agora tem! A mesma droga encontrada na Victória que não aparece no exame toxicológico, também foi encontrada no corpo do Josh, com essa evidência já pode interligar os crimes.
- Obrigada doutor, vou pedir para o Capitão Luck colocar policiais na fronteira, para monitorar quem entra e sai.
- Mas uma vez, apressada, ele também tem marcas de algema, as mesmas usadas na menina!
- Mas o suspeito de Victória, o Bruce, já esta preso, e a algema já foi aprendida!
- É, só acho que ele não é o assassino que vocês procuram.
[…]
- Capitão Luck, achamos como interligar ..
- Já estou sabendo, eu quero que você de um jeito de soltar o Bruce, mas mantô- lo sob custódia, para evitar acusá- lo dos próximos crimes que poderão vir a ocorrer.
- Ok.
[…]
Jessie não desgrudava mais do livro, era bizarro ver o assassinato que ela investigou, estar publicado em um livro. No jornal da noite da CNN estava mostrando Pike na TV falando como estava sendo incomodado por causa dos crimes.
Robbins então decidiu terminar o livro, para entender como essa história iria acabar.
[…]
- James Pike, aqui é novamente Jessie Robbins da repar...
- Fala o que você quer!
- Sua ajuda.
- Eu poderia estar muito bravo com a sua falta de educação comigo, mas como estou sendo incomodado com tudo o que está acontecendo, vou te ajudar nesse caso.
- Me encotra às dez no Plaza Center ok?
Jessie chega antes, e pede uma água, logo em seguida Pike chega, com um boné e um óculos, pois não queria ser assediado por fãs.
- Pois bem detetive Jessie, no que quer a minha ajuda?
- Quem é o assassino?
- E como eu posso saber?
- No livro, quem é o assassino?
- Não existe, o livro termina com esse enigma, ele não existe!
- Está me dizendo que no seu livro, o mal vence?
- É apenas uma história de suspense, ele cometeu crimes perfeitamente calculados!
- Não existe crime perfeito, o assassino sempre se esquece de um detalhe. Então.. porquê acha que é com os seus livros?
- Mas existe o assassino perfeito... e talvez algum fã maluco... Meu livro é um best -seller, o que posso fazer?
[…]
Jessie pesquisa no banco de dados da perícia todos os livros de Pike vendidos no distrito, mas um em particular chama sua atenção. Os livros vendidos foram todos da época do lançamento, até dois meses depois, porém, um havia sido comprado a apenas um mês atrás, exatamente a época em que ocorreu o primeiro homicídio, localizou a loja, era uma banca na All Street, a mesma rua em que a Victória foi encontrada, e procurou o comprador, mas não achou, o livro foi pago a dinheiro, as seis da tarde do mesmo dia do assassinato. Jessie tinha certeza que tinha encontrado o assassino.
Decidiu ir a tal banca e ver se o vendedor lembrava do rosto do assassino.
- Boa tarde, eu sou a policial Robbins da perícia, se lembra do último livro de James Pike que vendeu?
- Sim claro que lembro e não faz muito tempo, esse livro vendeu muito a um tempo atrás..
- É, eu sei, mas ultimamente as vendas tinham caído não é? Mas mesmo assim, vendeu um único exemplar a mais ou menos um mês.
- Nossa é verdade, vendi mesmo!
- E se lembra do rosto da pessoa?
- Não, acho que não... só me lembro que era um homem, alto, mas estava de .. ah sei la, não me lembro.
- Boné e óculos?
- Sim, mas o que tem a ver?
[…]
Passou pela cabeça de Jessie, que Pike pudesse ter comprado o livro, mas pra quê? Ele tem seus livros, .. não teria nada a ver.
O que ela percebeu, é que pode não existir o crime perfeito, as vezes o assassino deixará pistas, o que não quer dizer que os investigadores perceberão, e com isso, os crimes nunca foram revelados, e o assassino nunca foi identificado.
James Pike – Ao entardecer”

E esse era o fim do livro de James Pike, assim como no seu conto, os crimes reais também nunca chegaram a ser solucionados, e nem ao menos encontraram um suspeito.
Nunca descobriram portanto, que na caneta, sua tinta era de sangue.



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